Dia Mundial do Idoso – 1º de Outubro

Publicado: outubro 2, 2010 em Uncategorized

“Saber envelhecer é uma arte e uma virtude.”

O Dia Mundial do Idoso: Foi em 1999, por recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU), que se comemorou o ano internacional do idoso, em reconhecimento ao facto de que a população mundial está envelhecendo e de que isto pode significar também uma possibilidade de amadurecimento dos actos e das relações sociais, económicas, culturais e espirituais da humanidade em geral, o que pode contribuir em muito para paz e o desenvolvimento globais no século XXI.

O secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, fez recentemente um apelo a todos os países para que cuidem melhor dos seus idosos. No mundo, 600 milhões de seres humanos têm mais de 60 anos.
Uma pessoa envelhece lentamente: primeiro envelhece o seu gosto pela vida e pelas pessoas, sabes, pouco a pouco torna-se tudo tão real, conhece o significado das coisas, tudo se repete tão terrível e fastidiosamente. Isso também é velhice. Quando já sabe que um corpo não é mais que um corpo. E um homem, coitado, não é mais que um homem, um ser mortal, faça o que fizer… Depois envelhece o seu corpo; nem tudo ao mesmo tempo, não, primeiro envelhecem os olhos, ou as pernas, o estômago, ou o coração. Uma pessoa envelhece assim, por partes. A seguir, de repente, começa a envelhecer a alma: porque por mais enfraquecido e decrépito que seja o corpo, a alma ainda está repleta de desejos e de recordações, busca e deleita-se, deseja o prazer. E quando acaba esse desejo de prazer, nada mais resta que as recordações, ou a vaidade; e então é que se envelhece de verdade, fatal e definitivamente. Um dia acordas e esfregas os olhos: já não sabes porque acordaste. O que o dia te traz, conheces tu com exactidão: a Primavera ou o Inverno, os cenários habituais, o tempo, a ordem da vida. Não pode acontecer nada de inesperado: não te surpreende nem o imprevisto, nem o invulgar ou o horrível, porque conheces todas as probabilidades, tens tudo calculado, já não esperas nada, nem o bem, nem o mal… e isso é precisamente a velhice.

FONTE: http://www.caestamosnos.org/Pesquisas_Carlos_Leite_Ribeiro/Dia_Mundial_do_Idoso.html


Necessidade de Proteção aos Idosos

Idoso, Abandono, Sociedade e Estado

Antigamente, quando os homens não se fixavam em ambiente nenhum, ou seja, quando não tinham residências para morar eles viviam vagando pelas florestas. Sendo assim aqueles que adoeciam ou chegavam a certa idade e não tinham condições suficientes para seguir a caminhada eram abandonados ali mesmo, na floresta.

É lamentável proferir que no Brasil atualmente se observa um grande numero dos nossos idosos no abandono, não mais como muitos nômades faziam, mais por ausência de cuidados, respeito e dignidade.

De fato, assiste-se na contemporaneidade a discussão dessa temática onde a terceira idade não esta sendo encarada pela sociedade brasileira como um tempo admirável da vida, alias, os idosos estão sendo vistos como um fardo, como um ser que não faz parte da realidade de um mundo capitalista. A terceira idade desperta sentimento negativo como a piedade, o medo e o constrangimento. O envelhecimento é uma preocupação constante do homem em todos os tempos.

Se prestarmos bem atenção ao que se passa na sociedade verá que a situações distintas entre: idoso, velho, envelhecimento e terceira idade.

O ser idoso não pode ser definido só pelo plano cronológico ou por outras condições vividas pelo mesmo, pois elas podem influenciar na determinação de quem o seja. No entendimento de Morin (2000), vivemos todas as idades precedentes. Ele conta que envelheceu aos dez anos com a morte de sua mãe e mesmo ainda sendo uma criança e quando idos ainda questionava a infância. Portanto um acontecido pode levar-nos a envelhecer antes do tempo, a esquecer a infância e querer vivê-la quando idoso.

Para corroborar com as idéias ressaltadas em um conceito mais transdisciplinar do ser idoso, Sá (2002, p.1120) nos brinda com a seguinte declaração:

“O idoso é um ser de seu espaço e de seu tempo. É o resultado do seu processo de desenvolvimento, do seu curso de vida. É a expressão das relações e interpendências. Faz parte de uma consciência coletiva, a qual introjeta em seu pensar e em seu agir. Descobre suas próprias forças e possibilidades, estabelece a conexão com as forças de organização e empenha-se em lutas mais amplas transformando-se em força social e política.”

É perceptível no 2º primeiro artigo da Política Nacional do Idoso que para todos os efeitos daquela lei, é considerado idoso a pessoa maior de sessenta anos de idade OMS (Organização Mundial de saúde), que define como idoso as pessoas com mais de 60 anos nos paises em desenvolvidos e com mais de 65 anos nos paises desenvolvidos.

Mas o que significa ser velho hoje? A resposta para esta questão depende muito a quem e como ela será feita, pois a palavra velha é uma conotação desvalorizada, é a associação entre velhice e decadência, segundo Peixoto (1998) atinge todos os domínios da sociedade brasileira. É velho aquele que esta decrépito que não presta para nada como um objeto mesmo; quando nos referimos a um objeto como velho é porque ele esta estragado e quase não dá mais para ser usado.

Segundo Cristina Fagaça para Aurélio Buarque de Holanda, VELHO é uma pessoa muito idosa; de época remota; algo antigo; os velhos tinham outros costumes; que tem muito tempo de existência; gasto pelo uso; antiquado; absoleto. Já Fraiman, diz que velho é “aquele que tem muitos anos de idade e uma grande experiência acumulada que o diferencia dos demais”.

Sobre o conceito de envelhecimento, Bobbio (1997) relata que o envelhecimento não é uma cisão em relação a vida precedente , mas é na verdade, uma continuação da adolescência, da juventude, da maturidade que podem ter sido vividas de diversas maneiras.

Assim sendo este processo de envelhecimento acontece de maneira diferente para cada pessoa, pois depende do seu ritmo e época de vida. E este fator não se caracteriza só de perdas e limitações e sim de como a sociedade e o próprio individuo idealiza esta etapa da vida. Logo envelhecimento é pensar sobre a idéia de vida, pois envelhecemos a partir do nosso nascimento, sendo este um caminho natural da existência humana.

A vida possui suas fases e para maioria das pessoas a circunstância mais complexa de todas é de estar na Terceira Idade.  E não é para menos, pois se levar em conta os numerosos problemas que um idoso enfrenta no Brasil, querendo ou não eles terão que resgatar todo o fôlego e coragem de sua juventude para que possam enfrentar todos os obstáculos que são postos pela sociedade em geral.

E a expressão Terceira Idade veio representar exatamente essa nova etapa da vida onde não há empecilhos algum dos idosos darem continuidade a suas atividades.

Na compreensão de Peixoto (1998), a Terceira Idade é um termo que vem a fazer um corte na velhice, separando os jovens dos mais velhos, ou seja, aquele recém aposentado, que continua em atividade é considerado pertencente à Terceira Idade.

Por tudo isso esta é uma fase em que cada um deve descobrir novas direções e viver de modo especial essa etapa que representa a arte de bem viver.

Néri e Freire (2000, p. 13) esclarecem em termos utilizados para a fase que envelhecimento determinado que “velho” “idoso” e “Terceira Idade” referem-se a pessoas idosas com idade media de sessenta anos. A “velhice” seria a ultima fase e a existência humana, sendo que o “envelhecimento” este atrelado as mudanças físicas, psicológicas e sociais. Logo “amadurecer” e “maturidade” significam a sucessão de alterações ocorridas no organismo e obtenção de papeis sociais.

A partir dos conceitos explanados percebe-se que a sociedade a qual estamos inseridos esta imbricada em torno da idade que carregamos, idades estas que precisam seguir alguns papeis sociais, sejamos velhos, jovens, adolescentes ou crianças.

Verifica-se que o Estado lança suas políticas com um olhar sempre de reconhecimento social, de oportunidades e de sensibilização da importância do Idoso para o país, de outro lado não se trata desse paraíso apresentado mais de direitos totalmente utópicos. O Estatuto do Idoso bem como a Política Nacional do Idoso asseguram direitos sociais e deveres que a família, a sociedade e o estado devem garantir ao idoso. Ressalta-se que o artigo oitavo da Lei 10.741/2003 menciona que o envelhecimento é um direito personalíssimo e sua proteção, por imediato, constitui um direito social. Continuando, o artigo nono atribui ao Estado à obrigação de “garantir a pessoa idosa a proteção à via e a saúde, mediante efetivação de políticas sócias publicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade”.

Portanto toda esta lei não se faz presente na pratica, ou seja, o Estado, a sociedade e principalmente a família se omite e infelizmente milhões de idosos são abandonados (pela família) em asilos ou na própria casa.

No âmbito do Idoso e da exclusão social é que Sophia Sarmiento (2000) conceitua que:

“Asilos e casas de repouso são tradicionalmente os lugares reservados a muitos dos nossos irmãos que atingem a Terceira Idade na triste e infeliz condição de não mais poderem desfrutar do convívio família”.  (SARMIENTO, Sophia, p.14)

Essa desvinculação que esta ocorrendo entre idosos e famílias levam muitos idosos a viverem em situação de completa pobreza material, física, moral e espiritual. Mas na visão dos mesmos em nenhum lugar do mundo é melhor que o aconchego e afeto da família, quase sempre seus pensamentos, sentimentos, emoções se voltam para a origem. No entanto as famílias atualmente estão se distanciando do modelo tradicional, no qual o idoso ocupava lugar de destaque.

Entretanto o Brasil mudou, o mundo mudou e excepcionalmente a família também mudou, não existe mais aquela família de conceitos e acolhedora que entendia os anos vividos dos idosos como uma grande vitória, como uma conquista que deveria ser respeitada acima de todos os propósitos. Afinal família não é nos dado de um dia para o outro, família é um núcleo de convivência, de laços afetivos, de referencias a qual se vivencia o amor. O idoso encontra na família um porto seguro o que na verdade muitas delas não valorizam o mesmo.

A Constituição Federal de 1988 apresenta a família como base da sociedade e coloca como dever da família, da sociedade e do Estado “amparar as pessoas idosas assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem estar e garantindo-lhes o direito à vida”. (CONSTITUIÇÃO, Federal, artigo nº. 230).

Neste sentido, competi à família a entender esse processo de envelhecimento que este membro esta passando, fazer com que os dias para ele sejam digno, prazeroso, saudável, valioso e feliz.

No entanto todo esse contexto é utópico, pois os idosos estão sendo abandonados, deixados no total isolamento, sozinhos e na solidão. O idoso quer compartilhar a experiência e o conhecimento construído ao longo de sua existência em seu lugar de origem, onde aprendeu tudo.

Mas afinal o que é abandono?

Segundo a UNATI (Universidade Aberta da Terceira Idade) e manifestações de vários idosos da mesma instituição a cerca do significado de abandono, revelam que o sentimento de abandono é:

“sentir-se desamparado no meio dos outros, é não estar bem, é não ter ajuda de ninguém, é andar de um lado para o outro. É ter família e não ser protegido por ela, esquecido, isolado, indiferente, não ser valorizado e não receber atenção. O idoso espera daquele que quer bem o apoio necessário para enfrentar a velhice. Talvez esse bem-querer não seja recíproco e possa produzir o sentimento de abandono. O idoso cansa de falar e não ser ouvido, e essa surdez o deixam afastado de suas esperanças e de seus desejos. A medida que suas expectativas não se realizam e se perde a motivação de espera, ele fica sem o sentido de viver.”  ( BEATRIZ  et al, 2009).

E muitas são as circunstâncias que provocam o abandono, ou seja, os idosos são abandonados pela a condição de fragilidade, pois estando neste perfil ele requer mais cuidados, de alguém para cuidar e dar toda proteção possível, pela perda também da autonomia de não poder mais governar a si mesmo, da independência, pelo esfriamento dos vínculos afetivos, em suma essas situações levam a pessoa idosa se sentir ignorada e abandonada.

E o abandono de idosos nos abrigos Lucas Zorn e Lar dos Idosos na cidade de Cajazeiras – PB são sem duvidas caracterizado por essas circunstancias apresentadas onde vários dos idosos que fazem parte dessas instituições são deixados pela família e nunca mais eles recebem uma única visita, muitos deles também são abandonados na rua de forma cruel, realmente essa realidade persiste na sociedade de forma desumana.

Portanto é imprescindível que a sociedade, o Estado assim como a família reveja essas normas que regem a proteção dos idosos. Para que essa escassez não possa aumentar é preciso que tenha uma conscientização para que a perspectiva de idoso/sociedade seja um ponto crucial no relacionamento de todas as pessoas não importando a idade. É preciso também um trabalho social, um trabalho de bem-estar próprio, de auto-estima e enfim fazer com que a sociedade respeite o ciclo vital.

Destarte “vamos viver o presente, pois é o único momento que temos. Vamos procurar a plenitude de cada dia e aceitar o que nos chega, apreciando, aprendendo e deixando passar, seja o que for.” (MT, 6,25-34).

Percebe-se que a falta de compressão, dedicação, acolhimento e falta de respeito são os fatores condicionantes que simboliza a maioria dos casos dos idosos que são abandonados pela sua família. Logo esses fatores caracterizam a quebra dos laços que leva ao idoso ser tanto abandonado na contemporaneidade, ou seja, eles deixam o seio familiar e vão morar em casas de internação de longa duração.

KYLVYA FORMIGA.

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